Elias no seu mister Hoje eu gostaria de escrever algo muito bonito. Hoje eu gostaria de escrever algo que desse a dimensão da perda. Hoje eu sei que as emoções limitam a escrita. Tenho poucos amigos íntimos, muito poucos e hoje perdi um deles. Recebi a notícia da morte do Elias. O “Elias do Piano”. Foi meu afinador durante 17 anos. Para muita gente seria só mais um prestador de serviço, mas em se tratando do meu piano - meu bem mais precioso -, ele tinha de ser alguém especial também. Em 2007, um ano após minha chegada a São Paulo, chamei um afinador sobre o qual desconhecia tudo. Entrou na minha casa educado e simpático - sem exagero -, na metade do serviço, depois de papear tomando café, virou-se para mim: “Você sabe o que tem aqui?” (referindo-se ao piano). “Um Bechstein!” “Um dos melhores pianos do mundo, concorrente do Steinway! Ele piano deve ter uns cem anos! Verifica o numero de série e você irá descobria a história dele. Hoje na internet tem tudo!”
"Toda luz é meio bruxuleante diante da escuridão.." Thiago acendeu uma vela de Natal e a colocou sobre a pequena mesa. Olhou à sua volta e não conseguia acreditar no que restara depois de tudo, uma quitinete. Não me via, pois tudo estava imerso em trevas, e com elas me confundo. Perguntava-se, imerso em desânimo “Foi para isto que vim pra cidade grande?!” Décadas de luta, sonhando em vencer numa carreira e tentando realizar o que aprendera desde cedo, construir um lar. Senão um lar, uma casa. E ter uma casa não era como ter um carro. Um carro significava poder e satisfação. Mas a casa era a suprema vitória, na qual haveria o repouso do leão. Agora quase seis décadas o batiam, desde a juventude empreendera uma feroz luta pela sobrevivência. Apoio da família tivera e não tivera, aquela coisa inconstante. Para suprir essa falta acreditou fortemente em Deus. Pois, criado como um subalterno não poderia acreditar em si. E estranhamente, acreditou nas pessoas. Essa a coisa mais tola